Tenho me sentido alguém terrível, monstruoso,

Uma criatura impossível de se conviver, de lidar...

Eu me chafurdo cada vez mais e, embora me arrependa,

Continuo teimando em viver desregradamente na desgraça obstinada.

 

Como o cão de rua que ladra assustado e fuça os sacos de lixo

Tenho me sentido, em espírito, um miserando mendigo.

Homem sem pátria, pária hipócrita, tirano de mim.

Não consigo mudar este jeito de ser e de pensar

E vai nascendo e crescendo uma estranha angústia.

 

Nesta queda de braço contra mim mesmo, quem perderá?

Um homem sem amor, tão imundo; mas amei outrora.

Quão remediável é a minha situação se não tenho fé?

Quanto preciso andar e me esforçar para ser completo?

Sujo minhas mãos na lama, apenas para sujá-las,

Porque creio, que limpas ou sujas, um dia morrerei da mesma forma.

 

Ah! Esta tristeza que parece um gigante em mim!

Qual céu, qual dimensão possui as respostas para minhas dúvidas?