Para Sempre


Foi no leve cair de tuas pálpebras

que vi a tarde adormecer no horizonte,

com seus tons alaranjados a tingir o quadro,

onde as sombras atenuaram as luzes do dia.

 

E vi teu corpo a preencher meu olhar.

Com ele vaguei nos mares de tua epiderme,

conferi com a ponta dos dedos teus lábios,

esvaziei-me de mim e abriguei-me em ti.

 

Cena a guardar nas grutas da memória,

desenho de lembranças, minúsculo instante

que se fará perdido e achado pela eternidade,

e já se faz futuro, e se antecipa saudade.

 

E toma, leva teu corpo para o meu.

Sinto teu ser concreto, mas também tua alma.

Tua emanação de ser feminino encanta-me.

E eu, masculino, te vejo como musa mulher.

 

O sol repousa e os raios da lua já vestem o céu.

De toda minha efemeridade, por um instante,

em meio a meu eterno duvidar, tive felicidade certa

no estranho perder-me onde te encontrei.

 

Já não sou só, já não és apenas tu,

pois que divididos acabamos em um

no fluir da noite, no afeto aquecido,

na brisa onde senti teu hálito de paixão.