A Árvore da Vida


 
 Abandona-se a razão,
 ora liberto em prazer,
 ora escravo da dor.
 Nota alguns caminhos
 que sente serem antigos,
 entretanto,
 não existe certeza,
 existe o risco,
 a insegurança
 da suposta novidade,
 do desvendar do oculto.
 Sombras de predestinação,
 luzes de certa convicção.
 Busca companheiros de jornada,
 procura tenazmente,
 busca a outra parte de seu coração,
 a face complementar
 para dividir sua íntima solidão.
 Mas está só no desafio 
 de trilhar por entre mistérios.
 Talvez encontre múltiplas cores,
 um sem número de oportunidades,
 um portal entre o fenômeno físico
 e sua interação com a alma.
 Será um limiar entre a posse
 e a renúncia que anucia a liberdade.
 Quem sabe, ainda, que despojado de si
 perceba nunca ter sido tão dono de si.
 Descobrindo que o tempo é mera ilusão,
 que, em algum lugar,
 passado, presente e futuro
 congregam-se num só instante.
 Questionando em todo o seu ser,
 o que é de fato realidade
 e o que é mera ilusão...
 E a dúvida levará
 a momento onde a efemeridade
 surgirá como se fosse real.
 E então reaparece o presente
 e o seu árido solo.
 Mas agora a fé
 sobrepõe-se à dúvida
 e fertiliza a aridez
 por inexplicável milagre.
 E a terra abre-se
 para receber
 a semente fecundante.
 E esta brota,
 vencendo as dificuldades,
 mostrando que até a força
 é fragíl em seu nascimento
 e que na limitação do efêmero,
 há que haver tempo
 para se maturar em árvore
 e produzir os seus frutos.