Por acaso alguém aí versado em aventura
Para me explicar a sensação de ficar à deriva
No oceano, por tempo ad eterno e sem brisa,
Sequer nuvem passante nas alturas?
 
Porventura há alguém aí egresso do além,
Disposto a comungar dos sinais sensoriais
De uma vida que se julgava finda?
 
É que em algum lugar, o dia de alguém,
Hoje se configurou em horas abissais;
Feito pleonasmo de eternidade infinda.
 
Por acaso alguém aí doutor em antropologia
E que domina a oratória sem circunlóquios
Para desmistificar o que os poetas e a filosofia
Convencionaram denominar de mal dos trópicos?
 
Esse gauche sentimento contraditório e abstrato,
Pois a um só tempo invisível e arrebatador;
E o ser que o nutre vive aquém da realidade de fato.
Porém, quase ninguém tem tempo pra esse tal amor.