Enfim o real dos versos, desenhos de uma utopia
Ocultavam o invisível de uma face indiferente
Ao tempo que o presente mortifica a poesia
Pelo verbo que antes, a jura torna-se descrente
 
Uma mentira vestia, e sem conseguir escondia
Sua efêmera simpatia, um desejo adolescente
Da menina que então sorria e os males esquecia
Pelo interior do sonho de um real expectante
 
Desperta sua alma diante de uma ficção privada
Dos olhos que em direção a imagem nua e escura
Cegam-se no adeus de quem poeta na madrugada
 
Coloria a fantasia em busca de alento a quem amada
O infinito fim de um começo do eterno que perdura
A chama que o lume em liberdade a medida lhe apaga

 

 

Murilo Celani Servo
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