De teu peito fremente qual vulcão feroz,

emergem mansamente tuas cruas mágoas...

À tarde, do arroio quando se escuta as águas,

vem a lembrança de tua fagueira voz.

 

Amas brincar c`os sons, amas a melodia,

povoar os refúgios dos gentis ouvidos.

Teu cantar se compara aos matinais gemidos,

que o pássaro sobre o arvoredo preludia.

 

Em teus lábios lhanos de alegria os sinais

nos saraus espalham-se, como uma cascata;

aos suspiros de Orfeu soturno são iguais.

 

À noite, pensando em tua musa insensata,

tu, que anjo serias nos coros celestiais,

cantarás ao relento a airosa serenata.

 

 

Alexandre Campanhola
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