Poesia Social: Inimigo do Rei

 
Poema Social
INIMIGO DO REI
 
 
Sempre fui inimigo do rei
Do imperador, do brutamontes Marechal Mortalha cheirando a naftalina e vaselina e arrotando gambás
Sofri muito com isso
Fui perseguido, ganhei ficha suja nos porões dos podres poderes
Perdi bolsa de estudos, perdi emprego
Quase perdi a vida
Mas nunca deixei de ser um rebelde com causa
Inimigo do poder...
 
Inimigo do rei e da pompa generalizada (mais corrupção e impunidade de meio e corporativismo alienante)
Do falso status de sitio
Da cruz de ouro, da regra formol, dos antros palaciais
Inimigo do rei mas não um joão bobo ou um bobo da corte
Os poderosos sempre me temeram; como um mambembe borboleto rugindo para um hipopótamo com pose e grife
Inimigo do rei com minha metralhadora dialética cheia de lágrimas e conhecimentos historiais de insanidades, impunidades e hipocrisias de terno, gravata, toga, túnica e farda
Pangarés posudos com anéis, diplomas, cruzes bárbaras e uma repugnância geral pela ordem unida, a ordem estabelecida, uma ordem falsa cagando godê
Em currais, redis e antros de escorpiões federais com jecas de patentes podres...
 
Inimigo do rei - e do lado certo da barricada
Onde todos resistimos; os sensíveis, os sonhadores
Os fracos e oprimidos, os miseráveis os excluídos sociais
Contra os parasitas do poder
E suas insanidades, podridões e ignorantes do povo e dos direitos do povo
Um trovador pós-moderno lavrando a voz do povo, as atas do povo, e a periferia sociedade anônima
Pois o medo da inclusão social criou monstros, e juntou amebas todos num mesmo penico neoliberal
 
Sempre fui um inimigo dos poderosos podres do poder...
Sempre tive meu olhar para os humildes e suas choupanas, suas lavouras, suas feridas, suas cicatrizes
Porque também fui engraxate, boia-fria, vendedor de sorvete de groselha preta e garçom
Mas estudei e lutando muito, lendo e escrevendo muito, pesquisando, fazendo um currículo de sentidor e pensador
Venci com as mãos limpas e sei de que lado estou
Não sendo por exemplo igual a um taxista que se prostituiu para vencer na vida e mesmo assim continua pensando com um taxista
Cuspindo no prato que comeu e arrotando presunções de conhecimento que não tem
Um verdadeiro analfabeto político que vai continuar os podres que pensa que contesta mas é parte da manada com ócio de manobra
Achando que é o que não é, pensando que pensa
Servindo aos interesses do lado errado do povo, mesmo sendo de origem pobre e traindo seu povo, sem saber direito o que foi, o que é, o que se tornou...
Feito um ignorante da pior espécie, um ignorante político...
 
Minha terra, minha mãe, meu povo
Quando eu nasci, já tinha uma mulher me esperando para cuidar de mim
Minha terra-mãe, minha pátria mãe; sou um filho do povo
Fui perseguido por ser do contra, ser inimigo do rei, da canalha de 64 et caterva com suas sequelas sociais
Porque ser a favor é fácil, qualquer um zé mané consegue
Basta estar dentro do penico à que o sistema contaminou e dopou
E continuar batendo palmas pro regime de arbítrio, pro modus operandi do regime de exceção
Porque ser de origem pobre, vencer com as mãos limpas, e ter consciência historial para estar sempre do lado certo, do lado do povo
Não é para qualquer um, mas para os que ainda sonha, depois do chamado fim das utopias
Um humanismo de resultados. Contra o neoescravismo da terceirização inumana e do cínico estado mínimo neoliberal
Inimigo do rei eu sigo
Plantando meus sonhos nos canteiros da vida
Amando ao próximo como se à mim mesmo
Apontado meus poemas para os ordinários do poder, os sanguessugas da hipócrita sociedade pântano
Como por exemplo
De um São Paulo que é Sampa, que é Samparaguai, que é o Estado Máfia
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Cyber Poeta Silas Correa Leite
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