raposa vespertina
com o poente esfriando na retina
fareja por comida
raposa rapina,
dando o bote que o instinto ensina,
um filho ou filha
raposa repentina
dá mais uma baixa, na surdina.
Na boca, uma cria
raposa canina
corre como se engatasse uma turbina
ao ouvir insana matilha.
raposa menina
distraída se assusta com a buzina
no meio da pista
raposa lupina
ao encher-se de lua desatina
uivando sozinha
raposa clandestina
tem na clandestinidade sua sina,
caça sangue, não vinha
raposa solferina
baila no breu babando. Salina
de suor, masca e saliva
raposa cretina
traz além da boca assassina
o silêncio da fome sombria
raposa calada
é a morte roendo a ossada
atrás da vida acossada
raposa ferida
pelo chumbo da arma homicida
não chora, só manca e esfria.
Praciano
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