Menino Passarinho
 
 
Na infância, conheci um menino, que andava de um lado para outro pegando passarinhos. Ele usava uma blusa menor do que o seu corpo e parte da barriga ficava de fora. Seu nome eu não lembro, mas era conhecido pelo apelido de “Bico”.
Fecho os olhos e visualizo aquela camisa de gola, verde florescente, que costumava usar pelas ruas.  Ele era o garoto que mais pegava passarinhos. Gabava-se disso... Não havia passarinho que lhe fosse difícil, nada lhe era obstáculo, até que um dia, foi capturar um passarinho no fio de alta tensão...
Então, foi o último passarinho que tentou colecionar.
Todos choraram a morte de Bico, também chorei. Todos sentiram a falta daquele que amava tanto os pássaros, que os queria para si.
Época que não se falava tanto em sustentabilidade, preservação do meio ambiente, extinção de animais.
Ser um menino passarinho era um grande feito, exigia ciência. Bico era respeitado pela sua habilidade e morreu fazendo o que mais gostava.
Onde estará o Bico?  Por que morreu tão jovem e não teve tempo de aprender tudo o que hoje se aprende sobre preservação da natureza?
Deus o tomou, assim o quis, porque é Soberano e desejou  ao seu lado  um menino com alma de passarinho.
 Bico, menino pássaro, querido menino, verde florescente dos meus sonhos, voe, voe bem alto, onde não existam armadilhas e o arco-íris substitua as penas coloridas dos pássaros que você amou.
 
Bico – Menino que morreu em Manguinhos, Rio de Janeiro.
 
Selma Nardacci dos Reis

Selma Nardacci dos Reis
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