Asas
 
 
Hoje eu desejei acordar com asas.
Asas que me permitiriam fugir antes de ser capturada, que me levariam aos mais altos vôos.
E mesmo com os mais fortes ventos eu teria forças de quebrá-los e continuaria a voar.
Alcançaria as nuvens e me acomodaria sobre elas como se estivesse a deitar sobre brandas bolas de algodão e ficaria por ali por algum tempo.
Ficaria por ali observando as pessoas se atropelarem dentro de suas vidas secretas.
Depois voaria para o centro da Terra atrás de coisas que perdi pelo caminho estreito da vida.
Procuraria por partes que ainda me faltam e estão perdidas entre as ilusões.
Acharia infinidades de defeitos a serem olhados e corrigidos.
Acharia também qualidades que nem mesmo eu sabia que tinha.
Alem de ver partes de magoas que eu jurava ter deixado a muito tempo no passado.
Voaria então para dentro do meu passado para esclarecer aquilo que nunca consegui entender.
E tentaria pedir perdão para aqueles que por ventura teria magoado.
Ficaria mais um tempo ali vivendo os momentos que ainda me causam saudades.
E me dada por satisfeita retornaria ao meu abafado presente.
Tentando achar a cura para os males da minha alma.
E mesmo sentindo-me afogada.
 Aproveitaria minhas asas e iria de encontro com a insana ficção agregada.
Aproveitaria a passagem, observando as moradas.
Cercada por criaturas ignoradas, ao qual não me causam nada.
Pois no momento só estou preocupada até quando irão durar minhas asas...
E avistando meu suposto acaso, rezaria pela coragem.

Tentando ajustar-me com toda a adversidade.

E quando enfim preparada aguardaria ser divulgada.

E por todo o tempo esperado imaginaria o fim da mentira que por teimosia ou infantilidade deixei ser inventada.

E se isso se contemplasse, choraria por dias seqüestrada. 

Culpando minha falta de maturidade, e me envergonhando por te sido fraudada.
Mas caso não tivesse sonhado, enfraqueceria meus punhos cerrados e calorosamente abraçaria o desejo encontrado. Ousaria oferecer um afago, e pousaria com suave contato.
Convidaria então o acaso para junto comigo arremessar-se rumo ao espaço. Por onde voaria descalça sentindo com toda intensidade a energia volátil.
E depois de todo desbravado, deixaria Plutão e Marte sentirem-se instigados.
E me despediria apressada voando em altos e baixos até ficar novamente estável.
E quando finalmente acordada, encararia os fatos vivenciados e deixaria rolar o pranto inconsolável pelas asas que me foram tiradas.                                                                                    TCristina

                                                                       

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