CANTOS SOLITÁRIOS

CANTOS SOLITÁRIOS



Por que difere a vida
Da enaltecida beleza
Dos sonhos decantada ?

Como se do crânio
Emanações sublimes
Alheios anseios fossem.

Em opostos campos
O real e as ilusões
Muletas, sendo, as fantasias

Nas venturas íngremes
Da realidade dura
Aos caminhantes, consolo.

Então, indago,
Por que as quimeras
Desdenhadas na travessia?

Não se fia o homem, apenas,
Á  fome da matéria
Antes o alimenta

A beleza das cores
Entintando negrumes
 Em calvários floridos

Imaginação vendo delícias
Em precipícios de lágrimas
Nutridas lutas em alegorias

Por que  relegar a fantasiosos
Os que teimam enxergar luzes,
Estrelas em noites escuras ?...

*Selecionada para figurar na 80° Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos, editora CBJE, Rio de Janeiro/RJ, julho 2011