Nas costas do vento

 
Nesta manhã fria de chuva
Abro a janela nas costas do vento
Para evitar que o frio entre
 
Abro a janela nas costas do vento
Para que ele não leve teu perfume
 
Tanto valeu esta noite...
Que não me permito roubar
A tristeza...
Do meu olhar, vendo você partir.
 
Nas costas do vento evito o cobertor
Nas costas do vento ainda sinto tua mão.
Evito sair do quarto,
Para não calar em mim tua doce presença.
Acompanho da janela,
De meu quarto cada passo teu,
Atravessando a praça e se distanciando de mim
 
Nesta manhã fria de chuva
Tento em vão continuar existindo.
Em teu corpo um lindo vestido
Em tua boca o sabor de um longo beijo
Que ainda sinto na minha
Fecho a janela nas costas do vento
E adormeço no acalanto nu
De sua curta existência em minha vida.

Chico Marques
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