Desnudam-me por completo os teus olhos
Ubíquos, a encontrar-me em toda parte,
Sitiado, sem ventura, sem recato,
Meio vida, meio sonho, meio morte.
 
Como pode um revérbero tão forte,
A prostrar-me num minuto, num abate,
Em entrega ao descuido por consorte,
Desprovido de controle dos meus atos?
 
Da beleza da tua íris desvio
Para não me sucumbir à vigilância
Dessa pérola além de atavio;
  
Pois, por mais que eu precise de compasso,
Há temor de descobrir  nos olhos lassos
Uma fonte de vida e esperança.
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

Elias neri
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