Quando se vão,
Ficam vazios que não se preenchem;
Quando chegam,
O coração avoluma-se;
Quando nos faltam,
Perdem-se todos os sentidos.
Suas ausências apoderam-se do instante,
Palavras se confundem na boca
À procura de significados
Que nunca virão à tona.
Sem rumo, sem prumo,
Como quintais sem cercado,
Boca sem sede,
Vagamos desditosos
À caça de uma identidade
Que nos evita.
Nosso quase-verbo,
Tempos e modos desconexos,
Escoam sem eco,
Sem compromisso com a expressão.
Amigo é assim.
Chega sempre no exato minuto,
Ignora o tempo que parte
E não reparte,
O tempo que cinde e não remonta,
O tempo que se omite e lava mãos.
Aponta a cimitarra para o por vir,
Cheio de direitos,
Bolso estufado de indulgências,
E a dor fica,
E confunde a alma.
Nem percebemos
Que o tempo roubou a nossa História.
Amigo é sempre presente,
às vezes no embrulho da memória,
às vezes na algibeira
Que cobra costura.
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