Minha Alma não Cabe em Gaiolas

Minhas palavras explodem como trovões
Sendo expelidas com fúria
- de certa forma -
Rompendo o casúlo, que lentamente cerca-me
Meus pensamentos giram como furacões impiedosos
Devastando-me, tantas vezes.
Tirando tudo do lugar, confundindo-me
Perturbando-me.
Sinto-me perdida, como se de repente
meus pés não estivessem presos ao chão
- como de costume -
Mas dessa vez meu vôo não tem encanto,
que dirá alguma beleza.
Apenas confusão, angustia...
Sinto-me sufocar em desejos que não são meus
Desaguando em torrentes
Vejo-me afogar em opiniões que não são minhas...
Quero gritar !!!
Não tentem prender minha alma,
Ela não foi feita para viver em gaiolas.
Minha "fuga" permite-me ser viva.
Meus pés devem estar presos ao chão,
Minha alma não
- Esta é livre -
Meus gestos não buscam caminhos certos,
Eles se perdem no meio do caminho.
Mudam de direção a medida que a urgência se faz presente.
Minha composição não tem tema ou ruptura,
São asas que não podem ser podadas.
Não aceitam imposições
- Não aceito imposições -
Quero ser o que grita em mim
Andar por onde me faz sorrir, ou chorar, quem sabe?
- Sentir-me "liberta" -
Meu Eu não permite outras correntes
- Além das que já envolvem-me -
Quero aqui unir-me a brisa, a chuva, ao rio...
Tenho apenas uma vida
- Tenho,a maioria das vezes -
Hoje, apenas um rompante, passageiro
Não tente novamente prender minha alma numa gaiola,para admirar meu cantar de acordo com teus desejos...
Minha alma não cabe em gaiolas, e meu cantar
não pode ser tirado de mim
Entoa livremente
Cadenciado pelas batidas do meu coração.