Todo Meu Amor



 
Que tua lágrima lave o sal da dor 
de toda nossa eternidade.
Que a dor presente

que quer surgir ferina 
seja abrandada por tua serenidade.
Que eu descubra

que tu és a brisa mansa 
que acalma o vendaval que sou.
Que te reveles como

a sonhada companheira 
para enfrentar a vida cotidiana,
mas seja também a secreta cúmplice 
dos voos siderais de minha alma inquieta.
Una-te a mim e sê a parte doce
de meu feroz coração, acalma-me em ti.
Raridade, flor delicada 
a quem dediquei o meu franco afeto 
em minhas existências.
Cultivei-te como depositária 
de meu sincero carinho, 
preciosidade de meu íntimo.
És tu a semente mais pura 
que cuidei nas áridas terras 
de meu velho coração.
Assim, dentre tantas flores,
seduzi-me por ti de corpo e alma;
abrigo apenas a ti.
Se não crês

ou duvidas de minhas palavras, 
vê a sincera confissão de meu olhar.
Se desconfias da volubilidade

de meu temperamento, 
desvenda a paz que guardo para ti.
Se temes os meus impetuosos sonhos,
olha para o céu

e encontra a nossa estrela.
Vê com que encanto brilha! 
É o lume de teus olhos, 
é a luz de tua mais terna lágrima.
É o brilho que me anima, 
que me dá a paciência e a perseverança, 
que me faz vivo.
E se diante de minhas palavras 
tiveres dificuldade de me julgar, 
não me julgue,
Apenas confia em teu coração 
e verás que fazes parte de mim e eu de ti.
E por assim ser, por assim dizer, 
também quero ser a flor

do jardim de tua intimidade.
Quero ser a estrela 
que habita a promessa 
com que acalentas teus melhores sonhos.
E para tanto proponho uma aliança: 
dou a ti também uma lágrima minha.
Uma gotícula que não representa tristeza,
mas emoção da alegria de te ter.
E que, espero, seja o antídoto 
da curva descendente
que quer brotar em teu sorriso,
entristecendo a face que me inspira,
tomando de mim

a possibilidade de ser feliz.
Pois é em ti que guardo o oásis
de pura água para enfrentar

o deserto deste mundo,
Encanto que despertou

o ardor do meu primeiro verão, 
o calor da primitiva paixão.
A primeira flor que despertou 
o meu gosto pelas primaveras, 
promessa de realização.
Suave brisa que sonho

ter a meu lado
no cair das folhas

de meu momento outono.
Ardente chama de alma 
que espero estar comigo 
ao final de meu longo inverno.
Amo-te pelo sagrado amor 
que guardei através de ti.
Portanto, digo-te: 
acalenta teu velho guerreiro 
com tua alegria infantil,
companheira de muitas efemeridades,
graça divina de minha eternidade.

Se desejar ouvir em áudio: http://recantodasletras.u...