Amor Cigano

 
Não sei definir aquele estranho olhar enigmático e sedutor.
Apenas sei que em segundos, breve segundos de paralisação,
Saí envolta em emoções.
Não pudera imaginar, mas, aqueles olhos
Entremeados de pontos de interrogação,
Fisgaram-me sob um olhar fixo e hipnotizador.
Deixei-me arrastar qual uma fêmea,
Para o interior do seu corpo devastador.
Que arfando em desejos
Fulminou-me de amor e paixão.
Tamanha era a intensidade com que absorvi
Aquela estranha sensação,
Que percorri o seu corpo; seu olhar; suas mãos,
Que me arrepiavam as costas estremecidas num turbilhão,
M e tocando; amando-me.
Tomando todo o meu ser
Que se debatia até o chão, vulnerável, qual uma flor em botão.
Pálida, gélida e inerte, sucumbi ao estranho ser
Que me abraçava; que me beijava e me fazia gemer.
Aquele homem, meio cigano, meio boto, meio serpente,
Era um misto de odores, sabores, mistérios e atração.
Tornando-me inebriada, intensificando o poder daquela magia gitana.
Numa bela e repentina demonstração viril,
Contorceu-se qual um varão bravio, girou o corpo esguio
-Pandeiro na mão- galante, olhar fixo e sorrisos ardentes
Vibrando em cânticos de euforia
Abriu-se em sorrisos, distribuindo flores,'
Desencantando madalena a cigana que havia em mim.