destituída de alegorias
anêmica, lira pobre,
nua de encantos e magias

falas inviesadas
um tímido sofrer
dores engasgadas

nem é canto
um sussurro
mudo pranto

um nada especial
arte envergonhada
de ser tida como tal

descerra cruas
friezas, asperezas,
negras brumas

é um penar melancólico
sem amores para louvar
um sóbrio alcoólico

sem jamais ter bebido
a seiva que devaneia
amantes embevecidos

nem lembranças fortes
que robusteça, enriqueça,
narrativas de importes

o que é, me pergunto,
um brado inúteis atos,
um sopro,sem assunto,


a escrever miúdo
a observar pasmo,
aterrado, este Mundo...



...o escrever, para alguns como eu, pode ser um brado de timidez ou de vaidade, me assumo nas duas condições, mas, anêmicas minhas criações, não anteveem esperanças, tampouco arroubos de paixões, é, na verdade, uma lira envergonhada de existir...