Quando eu era pequeno perguntei
À minha mãe:
O que me acompanhará
Pela vida a fora?
A felicidade!
Eu li no seu meigo,
Pois não quiz responder.
Hoje, quando caminho.
Junto aos meus passos,
Escuto outros passos,
Da imensa tristeza,
Que ao meu lado,
Caminha sem cessar!
Esta imensa besta, esta farsante.
Que bebe a água da fonte
Dos meus olhos
Que me olha triste
Com olhar estúpido
Quando me fito no espelho
Há de rir, dar boas gargalhadas.
Depois da minha morte.
Pois então meu corpo
Apesar da terra fria que o cercar
Estará descarnado pelos vermes
Com os dentes à mostra
Feliz a gargalhar!

Poema depressivo da juventude.É o que dá ler Augusto dos Anjos.

Miracema-1952(?)