DIVÃ SELF-SERVICE

Às vezes me embrenho em meu labirinto
Permito-me desviar do bom senso
Discordar do meu coração tenso
Entender o que desconheço por completo
Aceito que sou limitado e que também minto 
Às vezes sofro por aquilo que não sinto
Choro por não conseguir me vencer
Às vezes fico distante ao chegar perto
Desisto fácil ao descobrir o rumo certo
Prefiro o breu da noite ao calor do dia
Encaro-me no espelho, mas não posso me ver
Às vezes é no escuro que consigo me entender
Decifro-me por alguns poucos momentos
Permuto a realidade por vã nostalgia
Minha mente gravou o que eu não sabia
É aí que eu uso a força e me acerto em cheio
Não domino nem um pouco os pensamentos
Sou uma leve pluma a mercê dos ventos
Às vezes sou aquela pedra no meu sapato
Quem chegou e não sabe por que veio
As páginas de um livro que eu não leio
Navego sem bússola em meu oceano
Ora sou o gato, mas ora sou o rato
Sou aquele ator de um filme chato
Às vezes me assusto com as minhas reações
Digo para mim mesmo que pode ser engano
Juro que este vai ser o meu melhor ano
Acredito em tudo aquilo que me convém
Sou a máquina que puxa os meus vagões
Mesclo a calmaria com os meus turbilhões
Jogo por prazer, mas também quero ganhar
Às vezes sou ying-yang e algo além
Felicito-me por me conhecer tão bem
Vendo-me coisas novas para virar freguês
Às vezes quero o que não posso comprar
Dou-me ao luxo de simplesmente imaginar
Solto risadas com as besteiras que eu digo
Finalmente aceito que sou igual a vocês
Então lá vou eu começar tudo outra vez!
 

Marco Rodrigues
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