Um último agudo fez sofrer meu ouvido
Fez acordar os olhos, fez perceber só
Gelada água que barra em pisante
Nem garganta e nem gravata têm nó

Levante e infame com a braguilha desbraguilhada
Vermelho se enxerga quando a coluna se dobra
Se vive dobrada sem soltar se desdobrada
O congênito infantil dum doce que se estraga

Muitas vistas zangadas zoam como zangões
Sem incomodar com a simpatia generosa
De quem sabe errar e concordar com palavrões
Insultos inflados em terna linha de prosa

Chutado saio e perdem o heroísmo
Calado me arrasto, desenho meu sabor
Na calçada molhada, boêmia com dor
Já me vi sozinho, assim dessa maneira,
Chutado e saindo, sem a saideira.

Gustavo Martinez
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