É o “eu” cortante,
Sem aparas,
A desnudar o lírico,
Numa verdadeira carnificina.
 
Do “absurdo” de Camus,
Cuja premissa é o ridículo Sísifo,
Remanesce o porquê,
Na tentativa de racionalizar a jornada.
 
A sobrevivência no deserto
Independe de savanas;
O importante são as miragens,
A iludir a razão.
 
Trôpego o raciocínio,
Acentua-se a covardia,
Na inconveniência de encarar
A dura realidade.
 
A dor do só,
Sentida pelos fracos,
É o absurdo
Do roteiro certo;
 
Do destino inescapável,
Do traço traçado.
O esquete romanesco
No teatro da vida.

São Paulo.

Luc Gabriel
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