Encontro com lobisomem

Antonio Cícero da Silva

Dizem que lobisomem
É meio bicho e meio homem
Que nas noites de lua cheia
A tudo que encontra consome.

É folclore no Brasil
Mas alguém fala existir
É monstro feio cabeludo
Ao falar dele todos param de rir.

O lobisomem rasga os cachorros
Por onde passa deixa o rastro
É sanguinário é bestial
Maltrata os animais no pasto.

Encontrei com um lobisomem
Quando ia namorar
A noiva morava no sítio
Nem gosto disso lembrar.

Ele olhou para mim
Com aqueles olhos terríveis
Olhos grandes e rasgados
Janelas pro invisível.

Enfrentei o lobisomem
Ora parecia bicho, ora parecia homem
Com urros terríveis
O medo quase me consome.

Quase  vim a desmaiar
Quando veio me pegar
Parecia do além
Situação difícil para alguém.

Criei força e coragem
Ferveu nas veias o sangue nordestino
Aquilo para mim era visagem
Morrer ali seria meu destino?

Nada disso, chamei por Deus e Jesus
O bicho me perseguia
Era violento e terrível à vista
Momentos que para ninguém eu queria.

O monstro quase me abraçou
Abraço temível sem amor
Minha blusa com as unhas tirou
Quase minha pele devorou.

Acertei-o com um murro
Era duro como pedra
Quase quebrei a mão
Ao bater naquela fera.

Ao procurar sacar a arma
O bicho não me dava chance
Pulava pra cima de mim
Estava mais feio que antes.

Consegui ferir o bicho
Que soltou um alto grito
Na mata ele entrou, não sei o que ele era
E nunca mais voltou...


Poema do livro: "NÓS SOMOS POESIA", CBJE, 2005, RJ

Enfrentei o lobisomem, por não encontrar outra saída...
o bicho era horrível, valente e muito forte...

Carapicuiba/SP