Angústia final!
 
Se minha vida definha aos poucos,
me levando ao desconhecido...
É tua ausência que me derrota,
quando o sol surge e me enterra
ao entardecer...
Se as lembranças doces
 já não vêm à mente é porque
minha alma grita por socorro,
diante de tua indiferença...
Se os dias se fazem frios e sombrios,
mesmo quando o sol é dominante,
é porque não tenho mais você
para aquecer-me...
Se sinto o meu leito como se pedra fosse
a esperar-me é porque falta teu corpo,
a saciar-me sem precedentes...
Esta paixão que vivo seria doença?...
Estaria, por fim, a cobrar-me algo que desconheço?
Porque sofro tanto por ti, se hoje posso
vislumbrar tua verdadeira face?
Seria amor, então, a cobrar-me pela eternidade,
 só porque escolhi a ti
para entregar o meu coração?
Como de toda a doença busco a cura,
 de ti quero afastar-me, porque se um dia
me foste vida, hoje me fazes sentir
o gosto da própria morte,
 a descer pela garganta,
 no lugar do gosto de teus lábios,
que me enchiam de amor
e levava-me a gozos profundos...
Dei-te minha lua, meu sol, meu mar;
minha terra... Abusaste de tudo,
mas o segredo de poder ter tudo isto não te dei:
esta essência carrego em meu peito
e desejo encontrar alguém, para poder entregá-la.
Busco entre os pássaros meus amigos,
entre a lua minha confidente;
entre as matas companheiras...
 Entre a razão e o amor a quem, agora,
 entregarei a minha essência 
e, por certo, encontrarei!
Paulo Nunes Junior
SP/Brasil
30/11/2007