Fotocópia de si mesmo

Acontecia, precioso de inusitados momentos,

o registro da vida que se revelava!

memória alegre, que dos defeitos se gargalhava,

pessoas raras de histórias longas, unidas em um coletivo intento!

 

Hoje isto é obsoleto, para um só a contento,

a vida do registro, que antes não se abarrotava,

filtros que driblam as cores que a realidade retratava,

curvam-se para a pose, o essencial e o intenso!

 

Ornamentada de ostentação, perfeição e pressa!

sem sentido, nem se sabe explicar o que há na gravura,

sem vivência, apaga-se solitário o significado da pintura,

que é esquecida e nem sequer é impressa!

 

Uma beleza sem sentido é como ver uma trágica peça,

um drama que de imediato a atenção segura,

e que no fundo segue, mesmo com sua desventura,

desacreditada e mentirosa, sem que ninguém a impeça.

Guilherme dos Anjos Nascimento

Guilherme dos Anjos Nascimento
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