Estou assustado, confuso, tenebroso...
 
Sinto o que se apodera de mim: gangrena!
Percebo em tudo o que faço... o odor.
 
Fragrância nas palavras e, até, em meus pensamentos,
Razão pela qual os abutres mentais me cercam
E desovam sobre mim uma terapêutica carnificina.
 
Minha consciência é húmus febril e dantesco,
Tudo apodrece em meu íntimo e é inhaca...
Minhas ideias estão em derredor desse ranço
E é uma caatinga que se faz em mim sertão...
 
Estou nauseabundo, preso a uma trincheira de dejetos
Que me retêm o olfato inadimplente das rosas...
Noto-me depósito de uma urina ácida e sem cor,
Por isso uma insanidade atrevida comanda meu eu
E me leva a diagnosticar-me estrume da existência!
 
 
 
DE  Ivan de Oliveira Melo

Ivan de Oliveira Melo
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