Sol Negro 

 

Mentimos às crianças,

Enganamos  pessoas,

Mantemos crentes iludidos, 

Manipulamos manadas de idiotas.

Ameaçamos insensatos e

toleramos o intolerável.

 

Vivemos entre medos paralisantes,

Amores estraçalhados,

Cheiros insuportáveis,

Esquálidas esperanças...

 

Nossas almas desertaram

Para mundos perdidos.

Fecham-se  círculos,

Inicia-se um principio sem fim...

 

Chorar não requer motivos,

Mas os temos de sobra;

Olhe bem o mundo lá fora.

 

Magras mãos, tremulantes,

Apalpam vazias, a procura de algo

à luz do dia ou na negritude

das noites sem fim.

A vida não tem mais qualquer o sentido.

Entre ranger de dentes,

Ouvem-se grunhidos

Das bocas famintas que

mastigam seus sonhos.

Mas não enganam a fome.

 

Guerras sem fim dizimaram

as noites sem dias,

e as esperanças vazias.

Morte e agonia, medo e horror.

 

A humanidade, inglória

Decretou um futuro sem futuro,

Quando perdemos a memória

não há mais o quê procurar.

morremos dia a dia, sem notar.

 

Vagando no escuro, tropeçando no lixo,

espalhado entre ruínas e restos.

Andamos sem destino, sem endereço

Sem mágoas ou nem mesmo rancor.

 

Águas paradas no meu coração

amargam-me  as entranhas.

Raízes profundas contorcem-se

em dores...

Só restam piranhas e

Corações sem amores.

 

Sem tempo, sem hora,

o céu escurece e a vida se apaga.

Relógios parados, noites perpétuas

Frio congelante, razão sem razão.

 

Pouco mais que nada existe.

A alegria ficou triste

Perdemos nosso caminho.

Andamos como alcoólatras,

Toda noite é o dia todo...

 

Tudo o que temos, é pouco,

pouco mais que nada;

Tudo que resta é só o que temos:

E nós não temos nada.

 

Um mundo pra lá de medonho,

um frio fino e cortante,

Nas terras, a terra; no mar as águas

no ar aves de rapina  assustam

E, no céu, sem estrelas, um estranho

Sol Negro!

 

 

 

 Porto Alegre, 03/10/19

 José Carlos de Oliveira

 

 

jose carlos de oliveira
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