O tempo galopa e deixa cicatrizes
Num éter que, sábio, é memória
Perante fatos que marcam a História
Dos homens alegres e dos infelizes...
 
Da Antiguidade fala-se em caverna
E os desenhos rústicos são hieróglifos
Que transmitem vida sem ser apócrifos
E retratam uma existência não hodierna.
 
Período de religiosidades bem politeístas,
Cultivadas na ignorância sobre as pedras
Que nada falavam sobre as vidas eternas,
Eram deuses surdos-mudos e anarquistas.
 
E chega ao progresso de uma Era Cristã,
Donde valores morais são postos à prova,
Contudo a humanidade é vil, não se renova
Tornando maltrapilha a Boa Nova neste afã.
 
Numa Idade chamada Média a Igreja mata
Em nome de Deus os chamados de hereges,
Pois bruxos e feiticeiros na magia descrevem
Fatos que contrariam a doutrina de uma nata.
 
Época que fotografa as viagens e aventuras
Dos que se lançam corajosamente nos mares,
Grandes Navegações trazem perigos graves,
Contudo desvendam rotas, terras e negruras.
 
Pobres africanos usurpados e feitos escravos
Viram moedas em vendas, trocas e comércio,
Valiam fortunas, desbancaram até o sestércio
E anonimamente desembarcavam carregados.
 
Por outro lado, o mundo respira transformações
E o Ocidente se veste de requinte e de talento,
Nas artes e nas ciências ocorre desbravamento
Com o Renascimento que traz luzes e emoções.
 
É um tempo repleto de invenções e descobertas,
Gutemberg traz a imprensa e Galileu é astrônomo,
Embora fundamental ao cientificismo, é condenado
Por heresia ao formular teses inteligentes, espertas.
 
Alighieri entrega ao mundo a sua Divina Comédia,
Obra que enfoca o Paraíso, o Purgatório e o Inferno,
Outros autores e obras se destacam no seio externo
Do universo, destarte existam a ganância e a miséria.
 
Chega-se à Era Moderna. Constantinopla é dos turcos,
A Revolução Francesa cai com a queda da Bastilha,
Fase que surgem as bases para uma novíssima trilha
E os aspectos sociais e econômicos têm outros cursos.
 
A mentalidade do homem ganha horizontes nunca vistos,
Com a Revolução Industrial monta-se o mercantilismo,
Sistemas coloniais aquecem o surgimento do capitalismo
E o “Novo Mundo” é integrado à História sem imprevistos.
 
Na Europa nasce o poder dos reis, que é o Absolutismo,
O regime feudal cede lugar aos aparatos da burguesia,
O medievalismo enterrou-se sob as hostes em que seriam
Implantadas rotas comerciais obrigatórias para consumismo.
 
Não se pode abandonar os filósofos desta fase importante,
Anos de muitas luzes de uma intelectualidade iluminista,
Ilustração da sabedoria e da liberdade e de uma conquista:
O não atrelamento da educação à religião, nada como antes.
 
Profundas metamorfoses acontecem na era contemporânea,
As sociedades se envolvem em conflitos de amplitude mundial,
Doenças destroçam a saúde dos povos como um vendaval,
São pandemias e enfermidades erógenas em miscelânea...
 
Uma globalização dos assuntos econômicos torna-se sistema,
O viés tecnológico assombra como referência do progresso,
A natureza torna-se a raiz exploratória da riqueza e do excesso,
O homem tudo dela tira para sobreviver dentro do seu esquema.
 
Na política e nos esportes se têm arremedos de muita corrupção,
A religiosidade traz o aparecimento de inúmeras igrejas e seitas
Que visam, como maior objetivo, a insurreição do capital que deleita
Seus fundadores e irresponsáveis dirigentes como pseudo doação.
 
A vida nesta recente Idade aboliu a decência e os bons costumes...
Quem sabe? Reflexo de duas guerras mundiais e do terrorismo?
Ou da hipocrisia lançada pelas grandes potências sem altruísmo?
Desmatamentos, fome, mazelas. Tudo se comete e ficam impunes!
 
Eis um período em que inventaram o telefone, a lâmpada elétrica...
Também surgiu a aviação, o automóvel, a televisão, o trem-bala...
Novidades que os ancestrais não alcançaram da inteligência rara,
Mas que se tornam obsoletas diante do ser humano sem estética!
 
 
 
DE  Ivan de Oliveira Melo 
  
 
 
 
 
 
 
 
   
 

Ivan de Oliveira Melo
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