Mal o sol derrama os raios,

nos frutos do meu pomar,

lá estás, alerta, insano,

dizendo me observar.

Sinto que me vigias

que sabes tudo de mim,

tanta insistência me assusta,

cansei de viver assim.

Sei que o mundo conheces,

mistérios da natureza.

Mal posso sair de casa,

me vigias, estou presa?

Conheces as cores das matas.

Namoras a rouxinol.

Cascatas te choram mágoas,

guardas segredos do Sol.

Teimo, saio para a lida,

meu sustento vou buscar,

sais também em revoada,

pra onde vais, quem saberá? 

Então saudade me invade.

Solidão se aloja em mim.

Entendo que não me vigias.

Tens cuidados, isso sim.

Tarde morna, noite vindo.

Longe o ouço, estremeço.

Estás tu em algazarra

avisando meu regresso.

Anoitece, então sossegas,

no aconchego do teu ninho,

teu silêncio me acompanha,

faz - me falta teus gritinhos.

No meu sonho te procuro.

Sonho vão, passo a sofrer.

Me debato acordada,

espero o dia amanhecer.

Sol desperta, fazes festa.

Que alegria, estás aqui.

Me avisas insistente:

Bem - te - vi...Bem - te - vi!

Maria Isabel Sartorio Santos - Academia Itanhaense de Letras- Ail Itanhaém

 

Maria Isabel Sartorio Santos
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