Compus um poema numa noite tão fria
Que as palavras respingavam labaredas,
É um consórcio místico em que envereda
Fantasia e realidade que me consumiam.

Declamei uma poesia em noite tão quente
Que a inspiração congelou o meu glossário,
Foi um aliciamento exótico, meio perdulário
Em que compreendi o cosseno e a tangente.

Escrevi uma crônica em um dia tão chuvoso
Que o sol bronzeou-me do pensar umbroso
Todos os versículos do meu fugaz Evangelho.

Resolvi ler um romance em plena madrugada
E, repentinamente, o dia chegou em alvorada,
Então entendi que o novo hoje amanhã é velho!

 

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan de Oliveira Melo
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