Treze de Maio
 
Princesa Isabel assina a Lei Áurea
E as escravas de Sinhá Jezebel
Dão vivas e fogem pra lugar nenhum!
É o projeto de Rodrigo Silva que ganha a láurea!
 
Republicanos de Última Hora:
Senador Paulino: -“Sem minhas escravas me amofino!
Que será do Val das Palmas no Macuco?
Esse projeto é maluco!
Viva a República! Nem que seja a tiro de trabuco!”
 
Pedro Luís: -“Mas espera aí, sem avacalhação!
E como fica nossa indenização?
Ferindo-se o sagrado direito à propriedade?!
Viva a República, grito agora em minha idade!”
 
Barão de Araçaji: -“Como fica a fazenda do rio Una?
Se com essa lei tudo se desuna!
Acabou-se araçá pra toda tuna!”
 
Sayão Bulhões: -“Mas pelos meus...com todo respeito!
Só me resta: Viva a República! É o jeito!”
 
Castrioto: -“Jogo fora minha Grã-Cruz da Itália!
Assim se nada me valha,
Nem meu registro na OAB?
Grito: Viva a República! Há de vencer!”
 
Manuel Lacerda: -“Que tudo vá a... Mas atiro minhas cerdas
De mil Vassouras! Viva a República! Ainda que tarde e lerda!”
 
Domingos Figueira: -“Mas isso é enorme besteira!
Passa-nos assim uma enorme rasteira!
Só não passo pra república,
Pois Benjamim é de insanidade lúdica
E esse negro Barreto me satiriza
E há de o império voltar! Vejo já as divisas!”
 
Alberto Torres: -“Não sei se fico, se vou,
República, me socorres?!”
 
Alfredo Chaves: -“Como ex-ministro da Colonização,
Voto contra essa degradação! Isto é um entrave!
Só os italianos não darão conta do trabalho na nação!”
 
Cunha Leitão: -“Voto contra esta lei sem razão!
Viva a República, de agora em diante!
Este será meu lema e semblante!”
 
 
Vitoriosos o poeta Luiz Gama,
Para honra do ofício de Castro Alves!
José do Patrocínio, a chama
Mais brilhante! Salve!
Antônio Rebouças, mulato engenheiro,
Que tinha um projeto mais certeiro!
Dar as glebas ao lado das ferrovias
Aos libertos e assim a libertação reluziria!”
Antônio Bento e os Caifazes
Da Loja Maçom Piratininga!
Pro Quilombo Jabaquara!
Assim, saíam os rapazes
Garrafão, Arcanjo, Quintino
Entre goles de pinga,
Fazendo os escravos fugir da taquara
Pra cantar um novo hino!
 
Foi então num treze de maio
Que a Princesa Isabel
Assinou o papel
E como um raio veloz
Um ano depois
A monarquia caiu e a república surgiu
No céu do Brasil!