Bárbara pode ser a grave ilusão do amor. Acre.

A boca a qual beijou, tem a língua inerte, paralítica

Como um corpo a verter sangue, tombado após massacre:

A carnificina de sentimentos alvos de manipulação mítica...

 

Enganamo-nos diante de possibilidades. Mas, se encontradas no ermo

Onde esperanças não fluem, talvez, fosse apenas armadilha

Orquestrada pela ignorância ou insensibilidade em uma trilha

Onde é mister que o ser humano tolo pise para que na inocência ponha termo.

 

Mais uma vez fui ludibriado por acreditar que era amor.

Como pode ser que quando sinto tanto, alguém me manipula,

Mentindo sobre o que por mim sente, sem sequer impor

Um esboço de arrependimento quando às minhas emoções trucula?!

 

Eu demorei tanto e tanto tempo em guarda

Tentando amar e era vão. Quando finalmente isto veio, tal milagre,

Degustei mais uma vez do fel do inferno! Poeta, arda

Nas chamas do desgosto. Bebe deste vinho que é vinagre!

 

O que mais punge é a indiferença daquela que julguei ser eterna.

Feri tanto aos outros em minha vida para ser digno de castigo?

Por que devo sentir por quilômetros ser arrastado pela perna

Até ser jogado no poço sem fundo reservado a um inimigo?

 

A devastação imposta por tamanha comédia dos erros

Para sempre nos altera e deixa cicatrizes e profundas marcas.

A paixão torna-se tuberculosa, vêm funerais e enterros

Do que éramos e em identidades pútridas, diante disso, embarcas...

 

A frustração e agonia parecem penetrar intimamente até nos ossos,

Enquanto que a outra parte segue como se tudo tivesse sido deboche.

Como não ficar furioso com primitivismos carnívoros tão grossos?!

Como não adentrar aos salões da indiferença e fabricar um fantoche?

 

Eu não concebo o que a humanidade se tornou. O "amor" em liquidez.

Vivi uma mentira, tal qual outros viveram... Marcados na carne.

Sofri, mas já me curo... Sei que nenhum dano houve, por sua vez,

Naquela em quem espelhei carícias, e que meu eu, resigne-se e escarne...