Imóvel, estático, parado, morto, frio

Cenário de vida que se arrasta

Eterna Monalisa exposta

Uma máscara, um enigma

 

Mas se olhos precisos observarem

O tempo passa e no rosto marcas deixa

Cenário de vida que se arrasta

Imóvel, estático, parado, morto, frio

 

Mas meus olhos não mais me viam na pintura empoeirada

Morrendo no passado e presente

Ignorando o tempo de esperança

Lembrando o tempo do poderia

 

Infeliz sempre comigo

Pelo tempo que passava, pela vida que perdia

Na tela empoeirada 

De onde nunca partiria

 

E assim me desgastei, como borracha que apaga

Se reduz só para esquecer

O que na vida sonhou e não viveu

Até a vontade de sonhar se apagar

 

E no despertar da noite

O acordar do meu dia

Pessoas fora do quadro

De uma tela sem moldura e toda branca

 

Se nova vida posso encontrar

A minha morte devo deixar

Tentação de conhecer, saber e viver

Liberdade só de expressar

 

Mas para quem de arte nada entende

E da vida menos ainda

De que vale uma tela branca

Início virgem de um nada eterno

 

E agora pra onde voltar ?

 

Imóvel, estático, parado, morto, frio

Cenário de vida que se arrasta

Quadro da minha vida e minha gente

A arte da minha pintura empoeirada

 

Sofia Couto
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