Bumerangue

Quero o barulho do panelaço,

Contra essa panelinha

A gente é obrigado a ouvir

Tanta merda,

Que a culpa da violência sexual infantil

É da menina que não usa calcinha,

Menino veste azul para ser macho,

Menina veste rosa para não deixar de ser fêmea

Abriram a porta do manicômio

Armas para o povo combater a violência,

Trabalho infantil para formar os adultos 

Que serão responsáveis pela construção do amanhã

É tanta bosta,

Que só arde nas costas  

Daqueles que caem na chibata,

Que geme no tronco

Cuidado meu povo com o capataz

Palavras elogiam regime da morte,

São ditas,

Duras,

São cruéis na memória dos que viveram,

Dos que sobreviveram a essa história sangrenta

Não respeitam as famílias dilaceradas

Pela perda irreparável dos seus familiares

Estão asfixiando a educação,

Estão tentando amordaçar a arte

É muita crueldade nessa alma suja,

Porém, tem pensamento que mata,

Como um tiro no peito,

É quase uma espécie de praga,

É forte,

Capaz de derrubar um avião

A raiva do povo é lâmina afiada pela justiça

Cravada no centro do coração.

 

 

 

 

Tatiane Correia Silva - Compositora/Poeta (SALVADOR-BA)
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