Ilumina-me com holofotes de amor e horror...

Já nem sei a quem recorrer e dos tons de tua cor...

 

Amei-te desde o primeiro momento em que a vista te tocou

Ou apenas fingi como um canalha o faz segundo o protocolo?

Minha senhora, quem és tu, capaz de me jogar ao solo

E conceder tudo aquilo que o mundo me negou?

 

Venha, mentira negra, nuvem branca de um céu sem sol!

Quanto mais te amo, menos acredito em mim...

Mas eis que realmente tenho por ti sentimentos sem fim...

Eras ou não tu - aquela a guiar minhas noites como um farol?

 

Teus beijos eram doces e maduros. Queria até mastigar

O pomo fértil de teus lábios... Mas e o desejo e o sexo?

Não o sei se eras a prometida... Que impasse complexo!

Veria-te apodrecer comigo, mas, agora... Só quero ver isso acabar!

 

Eu não senti teu carisma, não sorvi a beleza, não toquei as rugas...

Eu jurei um amor eterno sendo que eu sou limitado.

Fiquei como um anjo no inferno: sem ter um caminho a ser traçado,

Visto que o abismo oferecia trilhas sem rotas de fugas...

 

Mas o mal corrompe o casto também. Suja como fumaça de chaminé.

Poluí-me em ti, querendo amar, mas em vão.

Prometi o universo quando eu só possuía um grão

E o que eu dissera era farsa líquida de um homem sem fé!

 

Não que eu quisesse que assim fosse em meus espasmos de sonho:

Queria-te nua e bela. A amada e infinita princesa...

E por crer que eras o máximo que eu merecia, enxerguei beleza

Em meu mais íntimo terror e em ti escrevi um contrato tristonho...

 

Já nem sei mais a quem clamar, minha senhora!

Eu me sinto sórdido, mas enganei-me sobre ti e instiguei ira...

Amo a uma mulher ou amo a quem me reivindica: a mentira?

Saberei a resposta quando se já nem conto mais a cada hora?