AS SECAS NORDESTINA - poesia de Ialmar Pio Schneider

AS SECAS NORDESTINAS

Ialmar Pio Schneider 

A terra resseca co´o sol causticante.
As árvores perdem suas cores viçosas.
Os rios já não são as torrentes constantes,
As águas não correm já tão abundantes,
Que outrora passavam fazendo vazantes,
Levando das margens as plantas frondosas.

As secas castigam as terras de vargem...
Caatingas, roçados, já tremem de dor.
O sol não tem dó de arvoredos, de ervagens,
E seca seus troncos, e seca as folhagens,
E os homens enxergam as suas desvantagens,
Morrendo a esperança, vivendo o terror.

Penetra o flagelo causando torpor,
A todos os seres que querem viver.
O gado coitado faltando os verdores,
Já morre de fome, já morre de dores.
É morta a folhagem, são mortas as flores,
E nada mais pode as matanças conter.

Ao homem só resta fugir do tormento,
Fugir do flagelo, fugir da matança,
Sair à procura de novos alentos.
Em todas as partes encontra saimentos,
Que o leva pra longe dos seus sofrimentos,
Só fica em sua mente da seca a lembrança.

Distante das terras do seu coração,
Só vive chorando tristonha saudade.
Lembrança maldita, saudosas paixões,
Das terras que ficam, dos tristes rincões.
Lá longe não fica, ele volta aos sertões,
Sua terra natal ele quer de verdade.

E quando termina a maldita secagem,
Regressa contente ao rincão adorado,
Revendo as saudosas e tristes paisagens,
Mirando com tédio suas secas barragens,
Lá fica o caboclo chorando nas margens,
Dum rio quase seco correndo no prado.

F I M

Getúlio Vargas - RS, junho de 1958.

 

 

Ialmar Pio
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