O GAÚCHO - poema de Ialmar Pio Tressino Schneider - Quando o sol tomba no horizonte/ Se escondendo atrás dum monte/ Como um gaúcho/ Desaparecendo atrás das coxilhas /Que depois de muitas milhas/ Atravessou a correr /

O    G A Ú C H O
 

Ialmar Pio Schneider

Quando o sol tomba no horizonte
Se escondendo atrás dum monte
Como um gaúcho
Desaparecendo atrás das coxilhas
Que depois de muitas milhas
Atravessou a correr
Eu sinto no pensamento
A voz daquele vento
Que murmura o meu sofrer.
Aquele vento alvissareiro
Que sopra o dia inteiro
É o vento pampeiro
É também brasileiro
Do melhor que já senti.
Cada sopro é uma saudade
Que lembra com sinceridade
Os pagos onde nasci.
O gaúcho é homem bom
Canta sempre no mesmo tom
O sofrer do coração
Lembrando o seu rincão
O seu belo torrão
Onde muge o gado
Como um forte brado
Que larga o vento no espaço
Como ele larga o laço
Nas guampas duma novilha
Como o grito do farroupilha
Enfrentando a morte
Com os cabras lá do norte
Montado no alazão
Cantando a sua canção
Vai cortando muito capão
Pra chegar noutro lugar
Onde vai haver um festão
Pra alegrar seu coração
E seu peito desabafar.
Depois ele volta cantando
Bem alegre lembrando
O dia que passou dançando
Junto com aquele bando
De gente boa e largada.
Mas as trevas vão chegando
O vento já vai soprando
Bem triste lhe recordando
No coração as suas mágoas
Que nem mesmo as águas
Podem limpar e lavar.
Enquanto ele pensa assim
O dia vai chegando ao fim
Pra de novo lhe magoar.


Sertão – RS  - Junho - 1959 Ialmar Schneider


Ialmar Pio
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