Quando meus olhos cerrarem-se pela última vez
Ao teu lado, se abrirem novamente, só restará sombra...
Assim como a infantaria, o peão do jogo de xadrez,
Fiquei caído sem ti, no desespero de nociva lombra!
Um amor tão promissor, mas que feriu-me para além da tez...
Xeque Mate! Eis-me tombado em uma escura alfombra...
Estes pântanos em minha alma, ambientes inférteis
Onde o sofrimento declarou-se sumo imperador,
São meu cotidiano. São a ninhada de peçonhentos répteis
Que sugam e envenenam o que restou do meu amor...
Acreditei nos sentimentos mais um dia e me sinto traído:
Por que tudo foi obscurecido por densa bruma?
Por que tantos traumas colocando negror no que seria colorido?
Por que, enfim, não me explicaste as razões uma a uma?...
É tão escuro onde estou... O nada da solidão, plena solitude...
E não houve uma culpa, um motivo para ser assim.
Falhei no que havia de melhor em minha virtude?
Meu anjo, a pressa condenou a nós às trevas do fim?...
Como desejara um poema épico para nós!
Quis escrever no entusiasmo... Errei algumas palavras.
Soou tão anormal... Uma intensidade veloz... Misto de pólens e pós...
Tu és aquela que, sem querer, o coração me escalavras...!
Eu jamais quis que tanto desejo apaixonado fosse tóxico.
Mesmo na escuridão eu ainda sei isto muito bem...
É quase que uma sensação certa, um juízo dóxico,
O qual intensifica o sofrimento ébano em mim para muito além...
Amar... Ah, amar sem medo! Sem teores de cicuta...
Era isso que necessitávamos. Era assim que venceríamos o escuro.
Porém, não conseguimos... Separamo-nos em algum momento da labuta
E nunca mais te vi... Recebendo este golpe tão duro!
O que dizer agora, então, deste surto de angústia e desânimo?
Direi, talvez, que não houve uma culpa, um motivo para ser assim?
A saudade de ti, o seu toque... Tudo era tão magnânimo...
Mas, meu anjo... A pressa condenou a nós às trevas do fim...
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