O amor mais bonito

Te rala o açoite e este chicote 

Cujo as costas é capaz de dividir

Te rasga a espada cega e sem corte

Com brasa na ponta, tu podes sentir 


 Padres e apóstolos te juram de morte

Orando ao contrário em agonia

 Sábios viram tolos, e tolos fortes

E mau educados exibem cortesia 


Te furtam o tato e o dedo adormece 

Cujo tal ato é capaz de ruir

Te surtam, é fato, o corpo estremece

E com essa tontura, estás a cair


Reis e rainhas te arrancam a sorte

Se já eras pobre, agora és mixaria

Te deixam escorado em qualquer poste

São os mau amados te dando asia


Ainda assim, seu sorriso aparece 

Sem dignidade, sem nada, só dores

Levanta a cabeça. O que acontece? 

Perguntam-se os seus torturadores 


E mesmo com os olhos arrancados

Vítima sublime, tua aura irradia 

Te fez mirar além da pontaria 

Onde olhos nenhum hão alcançado 


Com asas invisíveis voará o rapaz 

Pois deuses só presenteiam mortais

Cujo o nome se escreve no infinito


Cintilante, feito lençóis em varais 

Se vai ele a voar junto aos imortais

Movido de amor, o amor mais bonito.