Desejo banhar-me no tempo para recordar

De momentos que julguei inestimáveis e preciosos,

Mas que eram ilusão sentimental para se chorar,

Em meio a caminhos de mágoa e secura tortuosos...

 

O amor que ambicionei era puro e invencível.

Nutri por ti algo que superou até o orgulho em mim...

Puxaste o gatilho com impiedade indizível,

Quando decretaste que nosso momento chegara ao fim...

 

E hoje, vivo trinta e seis penúrias

Condensadas em meus míseros trinta e três anos!

De ti, queria muito mais do que as mundanas luxúrias.

Por ti, pensei que seria o melhor dos seres humanos!

 

Eras tanto... E por isto amargurei tamanho suplício...

Então, lembro-me agora, para não mais sofrer

Aquilo que um dia sofri; e experimento o vício,

Para este amor humano, pífio, conhecer...

 

Tu serás uma constante e infeliz lembrança.

Ou devo dizer que aprendi contigo o amor...

Não sei se a ingratidão é o caminho, nem teço a esperança,

Todavia, de sentir em meus braços o teu calor...

 

Antiga adorada! Que sejas como a escorrente água

A lavar este corpo exausto e prenhe de suor!

Sei bem que nossa história não ficará marcada em uma tábua,

Posto que paixões efêmeras jamais serão um amor maior!