As risadas arrepiantes da boca da noite
estremecem até mesmo
o esmo perdido do corpo morto
de um defunto podre e sem critério
que jaz numa catacumba esquecida
na solidão de algum cemitério.
Os caebelos soltos, negros e lisos
esvoaçam rumo norte
brilhando na grande foice
da dona vigilante morte
que incessante as sepulturas vigia.
E não adianta meu amigo
querer fugir em disparada
por que chegada a hora marcada
ela ti abraça sem perdão
num explosivo clarão.
E sozinho lá no oco do seu caixão
esperando a hora da marcha fúnebre,
ouvirás somente gritos de desespero.
E nada conseguirás fazer para sair
do seu mais profundo degredo.
Então por fim andarás flutuando
para o desconhecido além,
enquanto uma multidão
que até sua cova irá em procissão
aplaudindo e orando
vai com Deus amém.
Vander Ribeiro
agosto de 2017.
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