Expectativas e mais expectativas.

A notícia da gravidez assustou e agradou. Aguardou para saber qual cor deveria ser a primeira roupa.
Foi decidido que seria rosa.
Com bastante brilho, princesas e tudo que tivesse direito.
Cresceu e já não cabia mais no rosa.
Foi optando por outras cores, mas a oposição rejeitou a ideia.
Entregaram-lhe bonecas e mandaram brincar.
Em pouco tempo perderam a graça, gostava era de jogar bola.
Uma cozinha de brinquedo para brincar de fazer comida, veja que coisa!
Queimou o arroz algumas vezes e optou por jogar vídeo game.
Quanto mais insistia no caminho que queria, mais rosa a perseguia.
Um conselho foi dado e aceitaram. Era apenas uma criança, logo mudaria de opinião.
Mas não, insistiu em ir na contra mão.
E quando achou que já era dona do próprio nariz, mais rosa lhe deram sem que ela quis.
Cansou-se e aceitou.
O rosa, já não lhe cabia, mas o vestia.
Felizes ficaram.
Tinha que se espremer tanto pra caber no rosa que quase se esqueceu que o azul lhe cabia.
O verde também. O lilás. O amarelo. O vermelho.
De um jeito ilegítimo vivia, mas era como conseguia. 
Rosa de dia.
E o arco íris inteiro quando se permitia.

B. Flores
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