Para esse tal amor

Nesta semana que se finda,
Descobri que estou senil,
Descobri que passei a vida em branco
E que não amealhei amigos.
 
Nesta semana que se acaba,
Passei as noites às claras;
Uma insônia esquisita,
Uma falta de gratidão à vida
E esta crise aguda de solidão.
 
Nesta semana pretérita,
Passei em embate com Deus
E com Cristo, este filho seu
E  ninguém para me dizer
Que a vida é uma dádiva.
 
Nesta semana passada,
Eu me excedi na academia,
Fiz uma confusão com o Espírito
Até duvidei da homilia
La na missa da adoração.
Nessa semana infinda,
Eu descobri que estou senil
Para o amor e família.
 
Hoje, para me livrar desta pilha,
Até preparei um banquete
Regado à cerveja de Munich.
Mas, como sempre, estava a sós:
Eu e minhas vetustas ideias;
Ao derredor de nós, uma panaceia
De coisas sem importância:
Como saudade e solidão e esperança.
 
Por isso, vencido o banquete,
Resolvi ficar, doravante,
A olhar para a brancura
Das paredes, nessa loucura,
Que faz de mim um ser delirante.
 
Por tudo isso,
Perdão se te arvorei
Para esse tal amor;
Para esse tal amor,
Eu já passei...