Conta uma antiga canção
Que naquele vale chamado coração
Um lindo lago descansava numa lembrança
Cercado de pedras pontiagudas
Criadas por uma pretensa proteção
Oriundas de um medo insano
Medo daquela criança
Profundo como oceano
Versava a canção
Que na superfície daquele lago
A imagem do rosto daquela menina
Era refletida
Como um suave afago
E que era linda
Tal qual uma obra da criação
Miúda de trança
Despida de significados
E livre de pecados
Tinha como esperança
O encontro com o verdadeiro amor
Contida
A menina
Nua
Cedia ao clamor
Da lua
Que lhe beijava a face
Com ternura
Delicado enlace
Dizia ainda a canção
Que a menina
Sempre que adormecia
Sonhava e acordava ofegante
E que trazia
No peito uma lembrança
De um dia instigante
E causticante
Como paixão sem limite
Dizem que a canção
Ainda pode ser ouvida
Na superfície
Daquelas
Aguas tranquilas
E que ela é
Como um beijo
De esperança
Para um
Coração triste
Juarez Florintino Dias Filho
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