VOCÊ E EU

Você é o amanhecer reluzente, radiante, esplêndido, ensolarado.
O guia essencial, o supremo comandante, a referência em Salvação.
É o luar claro, inspirador, límpido, cintilante; todo estrelado.
A razão da bela Tela da Natureza: o louvado Quadro da Criação.
 
Aqui, indiferente, longe, distante da benemerência, da caridade.
Detido nas ruínas da decadente e sombria cela da soberba, da altivez,
Você, providencial, instruiu-me com oportunos princípios de bondade,
Fazendo-me abrigar num recanto aprazível, onde me recolhi de vez. 
 
Após, e sem mais estar a sós, no embalo do balanço da rede da Paixão,
Despertei para o que tanto me fora estranho: o Amor expressivo, vivaz,
Colhendo o fértil discernimento que é tê-Lo em entusiasta veneração,
Algo que sentira jamais: real fascínio, com provento eficiente, eficaz. 
 
Assim, convicto de que Você navega por mim, propício, conveniente,
Gerindoas ações inerentes à condição humana - o psicofísico em coesão -
E, ancorando nas amenas ilhas do arquipélago da minha mente,
Desembarca, doravante, no receptivo cais-conforto do meu porto-coração.
 
No entanto, o que mais me esmiúça, me inquieta, me preocupa,
Por maior que seja o esforço, a determinação; o brio incessante, perspicaz,
É a dura realidade do avanço impaciente, que vai anulando a luta,
Na futura ruptura que me fará ser apenas saudade, lembrança, nada mais.
 
Porém, que se aguarde o xeque-mate, o ir-se embora, a despedida.
O instante do adeus, do inevitável desfecho que alçará a alma ao Além.
Tomara, porém, que tenha sido cumprida a meta, até então estabelecida!
“Que Assim Seja! - Por favor, Senhor, me receba: AMÉM!”

Odair Rizzo
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