QUERO VOLTAR A BRASILIA

Quero voltar a Brasilia, não mais como aquele garoto do interior, caipirão de seus  dezoito anos  cheio de sonhos  para ser um rreco no militarês,   prontico, prontico,   vestir a  gandola  do Exercito Brasileiro e ser incorporado ao terceiro pelotão da terceira companhia de fuzileiros do Batalhão da Guarda Presidencial. Muitos  turnos de vinte e quatro por vinte e quatro horas,   milico   na guarda dos Palácios Planalto e Alvorada, Congresso, e outros locais de interesse da segurança nacional, pau furado a bandoleira, ombro armas,  ordinário marche, alto, direita volver, apresentar armas, dura disciplina. Farda limpa e passadas, coturno brilhando, cabelo curto, arremedo de barba raspadinha, cara mais lisa que testa de cabrito. Muito trabalho físico, RDE (Regulamento Disciplinar do Exercito) na cachola para evitar punição por coisica qualquer, atenção, sentido, continência as patentes e camaradas de serviço. Hora da boia, cardápio corriqueiro, Sargento Assis de serviço no rancho, ruim praça velho. Para segurar a moçada no exagero dos hormônios durante os quarenta e poucos dias do período de adaptação nada melhor que o  broxante, fofocavam  ser uma infusão maledeta de mate com salitre a bordo. Tempos duros tendo o Marechal Umberto de Alencar Castelo Branco como  primeiro presidente militar, SNI, General Arthur da Costa e Silva, Coronel Meira Matos e muitos já esquecidos. E assim a gente vivia sitiado no batalhão e as vezes com uma licencinha ganhar a W-3 e ser perseguido e enquadrado pela PE (Policia do Exercito).

 
Quero voltar sim, acompanhando pelo menos um quarto da população brasileira, mulheres de palavra e tempera de uma Anita Garibaldi e homens com o caráter do tempo que fio de barba era penhor de honra,   arranchar e sitiar Brasilia e intimar aquela gente que governa a gente que governe mais pra gente e não fiquem admirando o belo umbigo que com certeza tem. Nada desse emaranhado de leis ou vão acabar revogando  os dez mandamentos, os únicos que dizem que é ou não  permitido. Quando no Exercito,  se desse sumiço, sob qualquer forma ou pretexto, a qualquer coisa a mim confiada vinha a inevitável cobrança e reprimenda: - Os brasileiros estão pagando para você estar aqui, é assim que você retribui, sem zelar pelo confiado? O  ressarcimento vinha através da cobrança no valor descontada do soldo (meio salário mínimo). É a pergunta que faremos a classe politica eleita: É assim que vocês retribuem?  Mineiro  Juscelino, seresteiro,  por que foi que tu teve a ideia de fazer esse trem de  sede do  governo tão longe? Podia ter feito por aqui mais perto, meio das Minas Gerais tava bom, no máximo por ali no sul de Goiás. Foi pra ficá longe mesmo, foi, esse antro de gastança? Tô quase pedindo meu voto de volta e nem Nela eu votei.
 

BUENO
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