Enamorados



 Fulgor, fogo impávido, cálida alma,
Sopro, palavras, batidas de corações.
Lembranças, memórias,  fotografias,
Partes de um passar, que parece não ir.
Saudades, saudade de que?
Saudade de si, saudade que será,
Pois o tempo é lépido, é atropelo,
O cérebro quer entender,
Mas o coração já há muito sentiu.
Lua enamorada lua, ouvinte,
Hoje não ouve, mas diz confissões.
Mãos dadas, olhos nos olhos,
E olhar, o quanto guarda um olhar?
Graça do mistério que não desvenda-se,
Pois o encanto nasceu para  encantar,
E não para ser desvendado.
Voz que ficou. Hálito sobre a epiderme,
Toque pulsares cardíacos.
E dois sons unem-se em um só.
Vida a dois, pois que já não graça no só.
Pois que partilhado, pois que acaba-se partido,
Partes um do outro.
Um todo de dois, pois só será incompleto.
Enamorados,
Namorados,
Pois que o amor não espera,
Não manda recados,
Mas apenas aquece os corações.
 

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Gilberto Brandão Marcon
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