Trem noturno - Estação III

Trem noturno – Estação III
 
A espera é inquietante...estação três
Um silêncio que faz evaporar as certezas
Noite com muitas nuvens ofuscando o luar
Quadro vazio, vento amornado, sentimento vago
Todos os meus retalhos foram juntados,
texturas  distintas,causando estranheza
diversidade de vivências numa mesma vida...
O tempo fez nascer várias pessoas no meu ser
seria eu uma anônima colecionadora de personalidades?
algumas delas já ameaçadas pelo ambiente, quase sepultadas  
outras apenas florescendo em cada estação, bem devagar
Sob a superfície das atitudes, um mistério intrínseco
Impressões   e repetidas metáforas explicitando o inesperado
A eclosão vulcânica, as batidas do coração, o pulsar das veias
Inexato instante...embarco no trem noturno, estação três
 
 
Intensa  escuridão, corredores estreitos, respiração  ofegante
Meus temores seriam irracionais...diante de tanta invisibilidade?
Surge um reflexo tímido da  lua nas janelas empoeiradas
Vejo imagens distorcidas, há um abismo entre a percepção física
e o olhar discreto da alma que acorda trêmula
As defesas e ilusões criadas, apenas não  permitem
que se reconheça   a imagem em sua totalidade
não posso imaginar como estão me percebendo,se é que estão...
Importaria isso? Pode ser que minha última viagem seja essa...
Na mais completa insipiência, sem saber o destino certo
Há uma melodia original neste vagão, 
sem intuições, muito menos esperanças
O acaso será o protagonista desta viagem,
Trem noturno, estação três ...
 
 

 
  

Bruma Lilás - Taís
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